Andrea Zanzotto


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Nascimento: 10/10/1921 - 18/10/2011 | Local: Itália - Pieve di Soligo

Quantas facetas não poderiam ser atribuídas a Andrea Zanzotto (1921-2011), para muitos considerado como um dos grandes herdeiros de Eugenio Montale. Sua produção, iniciada com a publicação de Dietro il paesaggio [Por trás da paisagem], em 1951, pode ser vista sob diferentes perspectivas: desde uma forte relação com a tradição até seu caráter mais radical e experimental, passando pelo hermetismo, por certa atmosfera bucólica, sem deixar de tratar das atrocidades da Primeira e da Segunda Guerras, do Vietnã, da destruição da natureza e da grande mudança e reconfiguração da paisagem da região do Veneto. Na verdade, o que chama a atenção na incrível e variada produção de Andrea Zanzotto é sua capacidade de ser sempre ele mesmo e sempre outro, variações, amplitudes e deslocamentos (inclusive na própria linguagem) que são articulados a partir de um espaço muito bem definido e delimitado. Esse espaço corresponde à sua cidade natal, Pieve di Soligo, no interior da região do Veneto, bem perto das Dolomitas. Apesar de ter saído fisicamente pouco desse espaço (uma estada na Suíça e a convocação para a Segunda Guerra Mundial), é a partir dele que Andrea Zanzotto observa e se relaciona com tudo aquilo que está ao seu redor, indo muito além das fronteiras territoriais, por meio das pinceladas surrealistas e pela metamorfose e pela simbiose entre paisagem e humano. Em Dietro il paesaggio, o poeta já indica uma perspectiva muito peculiar para escrutar o que está ao seu redor. De fato, o que é importante ressaltar aqui é, justamente, esse espaço que é escavado pelo poeta “por trás” da “paisagem”, que é um elemento central em toda a sua trajetória. A presença humana nos poemas desse livro, que segue o ritmo das estações, é praticamente nula, tudo é percebido por meio dos inúmeros elementos que compõem e dão vida à paisagem, do verme ao sol, passando pela flor da dália, pelo bicho-da-seda, pelas plantações de trigo, pelo granizo, e pelos inúmeros detalhes que os olhos mais do que atentos e pacientes vão captando e ali se reconhecendo. O olhar crítico e preciso já aparece, por exemplo, no poema Atol, que dá o título a uma das seções de Dietro il paesaggio. A expressão “frágeis Itálias” aponta para uma precariedade, um descompasso, que se desdobra nos demais livros do poeta italiano. A devastação e a total modificação da paisagem, e claro do homem que a habita, em nome de um progresso desenfreado e avassalador, chamado por Pasolini poucos anos depois de “mutação antropológica”, são um dos cernes da potente poesia zanzottiana.

[http://ermiracultura.com.br/2021/09/26/cinco-poemas-de-andrea-zanzotto/]

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