Raymond Queneau (1903-76) é um caso único nas letras francesas. Seu livro mais conhecido, Zazie no metrô, marcou não somente a literatura, mas também o metrô parisiense: uma estação da linha 5 foi batizada com o nome do escritor, privilégio dado a poucos de seus confrades, como Diderot, Victor Hugo e Alexandre Dumas. Ao produzir uma das obras mais originais do século XX, Queneau soube misturar sua alta erudição com a liberdade das vanguardas e um humor muito próprio. Exercícios de estilo, por exemplo, traz 99 versões absolutamente diferentes para um mesmo microconto. Queneau fundou e liderou a OuLiPo (Ouvroir de Littérature Potentielle), grupo que se dedicou a aplicar à literatura princípios matemáticos, gerando uma permanente recriação da língua e da literatura como uma combinatória.