Um riso nervoso talvez seja o melhor sentimento para descrever este livro. Primeiramente, porque a desgraça (é claro) o atravessa quase sempre de forma cômica; depois, porque o leitor se percebe perdido em uma narrativa que se estende para todas as direções, feita de mil linhas imaginárias, em que caminham personagens peculiares em situações inusitadas. É só uma sensação. Logo as linhas se cruzam, nunca por algo trivial. Aliás – várias das personagens se questionariam –, quem determina o que é estranho ou comum, o que é importante ou banal? A tecnologia, a arte, a teoria, os grupos sociais, a impulsividade, o exagero, a calma, a violência, o humor, a beleza, o particular, o público. Tudo está aqui, ao mesmo tempo e por todos os lados. A contemporaneidade é um touro bravo que Rafael Escobar leva pra passear de carrinho no shopping.
Literatura Brasileira / Romance