Bon Bagay

Bon Bagay Alan Marques

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Bon Bagay


A luta no Haiti após o terremoto




No Haiti, “Bon Bagay” é impossível de traduzir.
Em janeiro de 2010, com o trauma do terremoto ainda fresco, jornalistas brasileiros enviados ao país tentávamos explicar o que significavam aquelas palavras onipresentes. Alguém um dia arriscou “sangue bom”, e houve um consenso de que era o mais perto a que conseguiríamos chegar.
Mas “sangue bom” não dá conta de definir essa expressão do creole, a lingua
remotamente derivada do francês que é falada na ilha caribenha. Bon Bagay está na boca dos haitianos dia e noite, como uma saudação a um estrangeiro, um chamado fraterno a um amigo, um suspiro de esperança ou um grito de decepção.
Talvez por isso, melhor do que tentar traduzir é entender visualmente o que se
poderia chamar de um certo “espírito Bon Bagay”, que naqueles dias dramáticos
após a tragédia rondou o Haiti tão intensamente. As fotos de Alan Marques
oferecem uma janela.
Para registrar seus flagrantes, ele rodou freneticamente pelo Haiti em garupas de motocas. Passou horas dentro de carros calorentos esperando o trânsito serpentear
por entre destroços. Trouxe de volta um retrato precioso do tremor que matou de
200 a 300 mil pessoas e destruiu grande parte de um país já miserável.
Numa favela de Porto Príncipe, uma senhora junta lama e farinha para fazer
uma torta. Em um acampamento improvisado em frente ao palácio presidencial
arruinado, um microempreendedor trabalha em um salão de beleza a céu aberto.
Na primeira luz do dia, tropas da força de paz brasileira, ainda sob o trauma de
terem perdido 18 colegas no tremor, distribuem água e alimentos.
Eram eles, os militares, quem mais ouviam pelas ruas os gritos de “Bon Bagay!”, desta vez com exclamação, significando “obrigado”, “vá em frente”, “nos ajude”. Impossível traduzir.

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