Desde A TRAIÇÃO DE RITA HAYWORTH (seu primeiro romance), Manuel Puig empreendeu a renovação da ficção, multiplicando o espaço da escrita pela inserção de textos da cultura popular (boleros e tangos, scripts de filmes de Hollywood). Em sua alquimia literária entram a cultura e a subcultura, sentimento e sentimentalismo, objetos de arte e kitsch, desespero e ironia, sem hierarquia alguma, eliminando distâncias. Realidade e mito entroncam-se no texto, em relação dialógica, criando uma realidade terceira, a imaginárias. Em todos os fragmentos e praticamente em todos os personagens, uma constante: o desejo, mal formulado, de ingressar no mundo de sensações intensas, sugeridos pelas películas e novelas, o mundo mítico, em suma, que leva a alienação ao contexto sócio-cultural. É o drama de uma classe que fala uma linguagem mas não pode atuar de acordo com ela, pela impossibilidade de transgredir o código social.
(Bella Jozef)
Cinema / Drama / Ficção / Literatura Estrangeira / Romance