Brasília: O mito na trajetória da nação (Biblioteca Brasília #1)

O livro é o resultado de uma pesquisa para uma tese de doutoramento defendida na Sorbonne, em Paris. Procura entender o surgimento de um projeto – a construção de uma nova capital - que repercute diretamente no imaginário da nação. O coração da análise é a compreensão do processo de construção de Brasília como uma manifestação da narrativa mítica presente na noção de Mito da nação. Para tanto, esta narrativa mítica é investigada no interior dos discursos feitos sobre Brasília durante os anos da construção, ou seja, entre 1956 e 1960. Estes discursos foram agrupados em dois grandes eixos, a saber: 1) os discursos do governo JK incluindo os discursos do próprio JK e, 2) os discursos dos dois principais arquitetos de Brasília, Lúcio Costa e Oscar Niemeyer. Contudo, em função da diversidade dos atores sociais - políticos, intelectuais, empresários, militares, trabalhadores - e dos aspectos em jogo - geográfico, histórico, político, urbanístico - fez-se necessário abordar o maior número possível de variáveis sobre Brasília. O intuito aqui sendo o de demonstrar a dimensão mítica deste desejo construtor presente tanto nos atores sociais diretamente envolvidos quanto nas circunstâncias sociais, políticas e econômicas e estéticas daquele período .
Em termos formais, a obra está estruturada, além da introdução e conclusão, em quatro capítulos (Os anos JK; A nova capital: cenário e história; A arquitetura e o mito; Brasília e o mito de nação). A abordagem escolhida evidencia o fato de que o governo Juscelino Kubistchek tinha uma proposta ousada de modernizar um país até então de bases, sobretudo agrárias. Havia nesta proposta uma a intenção de recriar o “mito da nação” algo de extrema delicadeza dada as suas implicações especialmente as de natureza simbólicas.
No primeiro momento, apresenta-se uma pequena biografia de JK, o contexto sócio-histórico e os principais aspectos do período de seu governo (1956-61). No segundo momento, apresenta-se uma relação entre o programa de governo de JK e a narrativa do Mito da nação a fim de verificar em que medida o primeiro legitima, faz eco ou não ao segundo. No segundo, discute-se em que medida a região e a história das idéias mudancistas podem ser compreendidas enquanto manifestações do desejo mítico de construir a nação. No terceiro capítulo, analisa-se os discursos de Lúcio Costa e de Oscar Niemeyer sobre Brasília e a relação dos dois com a moderna arquitetura de Le Corbusier. O quarto tem por tema a análise dos discursos pronunciados pelo governo JK à medida que a cidade ia sendo construída e a própria prioridade na construção da cidade.

História do Brasil / Sociologia