Quem quer que leia este Tratado certamente ficará surpreso e maravilhado ao ver como o seu autor, num século de absoluta ignorância em ciência econômica, tinha idéias claras e exatas a respeito da matéria sobre a qual escreveu e com quanta justeza tratou das causas dos nossos males e dos únicos remédios que para esses males são eficazes. Das condições lamentáveis do seu século não manteve nada a não ser o estilo, seco, estéril, obscuro [...]. Apesar desse defeito não hesitarei em considerá-lo o primeiro e mais antigo autor da ciência econômico-política nem em conceder à Calábria também o mérito, ignorado até agora, de ter produzido esse homem. Mas o nosso destino é tal que não podemos relembrar uma glória sem que lhe encontremos junto alguma razão que nos faça corar. Esse homem, que ouso comparar com o Melon dos franceses e, relativamente a esta parte, com o Locke dos ingleses, mas que, de fato, supera a ambos por ter vivido muito tempo antes e num século de trevas e erros na ciência econômica, esse homem, de inteligência tão perspicaz, de juízo tão íntegro, foi desprezado em vida e esquecido depois da morte, juntamente com sua obra.