Quem vê aquela linda foto, ou chocante, ou criativa, mas sempre altamente jornalística e carregada de informação relevante, não tem idéia do trabalhão que ela dá. É preciso ter um bom olhar, mas também inteligência crítica, espírito competitivo e bom preparo físico, pode crer. Só para carregar aqueles quilos de teles, lentes, tripés…
Por terem tudo isso e mais um pouco – um excelente caráter, , por exemplo –, Sérgio Lula e Alan Marques se transformaram nos poderosos “irmãos Marques”, capazes de se embrenhar pelas selvas de Mato Grosso atrás de destroços de avião, de se indispor com autoridades e de trocar desaforos com policiais para garantir o melhor ângulo, aquele que o leitor vai comentar no dia seguinte e que nós, do texto, vamos comemorar, cheios de orgulho.
Com relatos diretos, gosotos, às vezes eletrizantes, Caçadores de Luz – Histórias de Fotojornalismo é, na verdade, uma coletânea de boas reportagens, como convém a tão bons jornalistas, mas em forma de relatos pessoais, na primeira pessoa, de quem acompanha e registra a história política brasileira. Você lê, lembra daquela foto fantástica e, automativamente, dos personagens, das circunstâncias, do desfecho. Volta no tempo.
É um prazer e uma redescorta para quem é e para quem não é do ramo. Uma viagem pelos bastidores daquela foto histórica, sentindo com Sérgio, Lula e Alan a aflição para chegar ao local certo, na hora certa, e ver mais e melhor do que os concorrentes. E – olha! – os concorrentes em Brasília não são de brincadeira. Só tem cobra. Mas o trabalho não pára aí. E o maldito horário de fechamento? Uma corrida contra o tempo, minuto a minuto, adrenalina a mil.
Sérgio é o chefe, o elegante. Lula é o simpático, mas também o fortão que encara todas. Alan é o diplomático, que leva no jeito (e, cá para nós, destrói corações da moçada). Mas, apesar dessas diferenças, os irmãos Marques têm algo fundamental e comum aos três: a competência profissional. Isso é garra, mas é sobretudo alma, coração.
Aliás, é exatamente isso que você encontra em todos os relatos deste livro: alma, coração.
Por Eliane Cantanhêde – jornalista e colunista da Folha de S. Paulo