Magro, imprestável, maltrapilho e sujo – sem ver um bom banho há anos! Não freqüentava a escola, nem se alimentava de maneira adequada. Este é o retrato maltratado de Caco, de dez anos. Aliás, um retrato dos maus-tratos que o pobre garoto sofre justamente por quem deveria cuidar dele: Basílio Pisaosso, seu tutor, mais interessado na herança do menino do que em sua educação. Caco pensava que as coisas não tinham como piorar, mas estava enganado – e é isso que o escritor inglês Ian Ogilvy mostra em Caco e o Mongirado, primeiro livro da série sobre o intrépido jovenzinho, cujas aventuras já foram traduzidas para 15 idiomas e tem adaptação garantida para o cinema.
Em sua vida de intenso amargor e tédio, Caco tinha uma única coisa boa que o deixava de olhinhos brilhantes: a estrada de ferro em miniatura, construída por Basílio, que deslizava em um cenário povoado por pequenos e encantadores personagens. Um tesouro, no entanto, guardado a sete chaves no porão e que não era para o seu bico, nem para seus dedos – por pouco tempo. Só que quando inventou uma desculpa para afastar seu tutor de casa e assim poder brincar com o trenzinho, o garoto não podia imaginar o revés que o destino lhe reservara. O velho e horroroso tutor chegou antes do previsto e lhe aplicou um castigo terrível, jogando um feitiço que o encolheu a meros dois centímetros de altura!
Minúsculo, Caco descobre que aquelas “pessoinhas” – seus agora fascinantes companheiros de cenário – eram gente de verdade como ele, vítimas também do cruel Pisaosso. Preso num mundo de brinquedo, o menino precisava virar herói ou bolar um plano para salvar a sua pele. A tirania estava com os dias contados e Basílio não podia esperar a rebelião de pequeninos que o aguardava para libertar Caco daquele pesadelo de proporções gigantescas. Bravura, afinal de contas, independe de tamanho.