Barthes chegou à China em 1974 para uma visita organizada e supervisionada de três semanas. Seria seguido um itinerário preestabelecido, visitando fábricas e pontos turísticos, assistindo a espetáculos e indo a restaurantes comumente frequentados pelos ocidentais que visitassem a China nos anos 1970. Os cadernos de Roland Barthes apresentam uma visão distanciada desse percurso, atenta a detalhes, cores, paisagens, corpos, acontecimentos miúdos do cotidiano, por ele comentados com humor. As anotações de coisas vistas, sentidas e ouvidas se alternam com observações inseridas entre colchetes - reflexões, meditações, críticas ou expressões de simpatia, que são como apartes sobre o mundo ao redor. Também são recorrentes certas palavras que expressam cansaço diante do estereótipo ou ligeiro retraimento.