Callíope - A Mulher de Atenas

Callíope - A Mulher de Atenas Cintia de Faria Pimentel Marques


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Callíope - A Mulher de Atenas


Um romance na Grécia antiga




Se há vários tipos de cultura, certo é que a curiosidade é o alimento da verdadeira, aquela que pode mudar ou influenciar nossas vidas. Enquanto ela se mantém, seremos cultos; quando se vai, o conhecimento se transforma apenas em boa memória, na melhor hipótese, ou em vaidade, na pior.

No terreno da História, ser curioso é mais do que simplesmente se preocupar com fatos e datas, mas procurar relacionar tais fatos e datas com nossas vidas, ou com situações análogas às nossas, em que possamos nos imaginar. O romance histórico, quando bem escrito e não apelativo, reflete esse tipo de tendência.

Callíope, A Mulher de Atenas , de Cíntia de Faria Pimentel Marques , romance lançado pela editora Letras Jurídicas, denota essa curiosidade sadia. Passa-se no século culturalmente mais importante da Grécia antiga, o século V a. C., chamado de século de Péricles por nele ter pontificado o célebre estadista ateniense. O livro conta de forma linear a história de uma jovem, Callíope, filha de um proprietário rural da Ática; a região de Atenas. Ela se casa, enviúva, volta para a casa paterna e, num desenvolvimento inesperado, entrega-se como escrava para pagar as dívidas de seu pai junto a Pásion, banqueiro em Atenas. O livro termina com um interessante julgamento público, em que os cidadãos de Atenas reunidos decidem o destino de Callíope e de seu amor de infância, Theodoros, responsável pela libertação dela.

A história e seus personagens são apresentados, é verdade, com alguma singeleza e inocência. Entretanto, são eles apenas o pretexto para um passeio enriquecedor por aspectos históricos, culturais e jurídicos da Atenas da Antiguidade, baseado em rigorosa pesquisa em textos clássicos que a autora cita em notas ao final do volume. A começar pelas guerras, sempre contra os persas e, insensatamente, também contra Esparta, em embate afinal responsável pela decadência geopolítica da Grécia. Outros eventos presentes são as olimpíadas e as assembléias populares. Não menos importante, os personagens cruzam com figuras históricas como Platão, Sócrates e sua mulher Xantipa, e Alcibíades, misto de general imprevidente e "playboy" da época.

A sensação, ao passar das páginas, é a de transporte a um mundo perdido, que podemos conhecer em nossos próprios termos, isto é, usando os sentimentos e reações com que estamos acostumados, e observando tudo pelos olhos de pessoas normais, com sentimentos, medos e afeições como os nossos. Um bom primeiro passo para se saber que as questões filosóficas e políticas, que assaltavam, no bom sentido, os atenienses contemporâneos de Péricles e Callíope, não eram tão diferentes das que hoje angustiam o ser humano, e para meditar sobre elas. Viva a curiosidade!


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Freire
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