O prefácio de Cantadores, um livro a essa altura sessentão, editado a primeira vez pela Imprensa Universitária do Ceará, coube ao mestre Luís da Câmara Cascudo. Nada menos de 23 páginas de louvores à pessoa e ao trabalho do autor, Leonardo Mota (1891-1948). Diz coisas assim: "Ele, Leonardo, escreveu antes de ler e aprendeu a olhar antes de falar. Baixo, grosso, impetuoso, a máscara risonha, irradiante de simpatia. Era um toro de aroeira, ardendo ao sol do Ceará, povoado de violeiros. Ouví-lo era ver o sertão inteiro, tradicional e eterno, paisagem horizontal dos taboleiros, candelabros de mandacarus. Em qualquer parte do Brasil onde estivesse ressuscitava o Nordeste como nenhum escritor poderia fazer ou outro artista tentar". O que são os cantadores? São os poetas populares que perambulam pelos sertões, cantando versos próprios e alheios. No desafio é que se consolidam as reputações dos bardos populares do Nordeste. Todo cantador deve ser repentista: nem merece esse nome quem não é adestrado nas improvisações.