O título, "Capitu era Capitu: mais mulher do que eu era homem", que faz referência a obra clássica de Machado de Assis, Dom Casmuro, já nos dá a chave sobre o grande tema deste livro: mulheres e a sua luta pra exister em uma sociedade patriarcal.
Este livro foi gestado durante a pandemia ocasionada pela doença chamada Covid-19, neste período os casos de feminicídios e violência doméstica tiveram um aumento significativo: "eram, agora, dois os vírus que podiam causar a morte de mulheres, um já bastante conhecido, o machismo, e o novo coronavírus que parecia aflorar ainda mais o primeiro". Este livro nasce como uma busca da autora por processar suas próprias emoções a respeito dessa dura realidade mais também como um desejo de denúncia, um desejo de rememorar as muitas mulheres que perderam a vida e também os muitos filhos que ficaram.
"Cada história que escutava cortava a minha carne como navalha, causava incômodo e ansiedade. Encontrei remédio na escrita, como uma forma de conversar com essas mulheres que se foram, mas também com aquelas de quem levaram parte de ser. E aqui estávamos nós tentando fazer melhor do que fizeram com a gente. É sobre a história dessas mulheres que a primeira parte deste pequeno livro falará. Já na segunda parte, falo sobre meu processo terapêutico de curar as feridas que a sociedade machista causou em mim e na maneira como vejo e sinto o mundo." E por fim, na terceira parte, a autora organizou alguns artigos de mulheres advogadas, psicologas, empresárias dentre outras profissionais, para deixar como mensagem final que: Capitu nunca esteve sozinha.
Literatura Brasileira