Haveria muito para se dizer do Cardume, que nasce com potência de grande obra. A poesia não é o óbvio, na poesia claridade demais ofusca os olhos. A poesia é o anti-óbvio da linguagem, a coisa toda só é simples se “seguir a manada, nadar com o cardume e manter a máscara”. O Cardume de Moreira é complexamente o anti-cardume, mas para que isso seja apreendido, o leitor precisa enfrentar o labirinto com o risco e a vertigem de não encontrar saída. A usina de sua poética está inaugurada com o Cardume, afinal, o próprio poeta canta, “Não se tropeça no horizonte, o horizonte é o começo”. (Marcos Aurelio Marques)