A colectânea segue critérios métricos e podemos dividi-la em três secções: 1-60, os chamados polímetros, pequenas composições em metros iâmbicos e líricos; 61-68, um conjunto de poemas mais extensos, os chamados carmina docta, “poemas eruditos”, de temática mitológica e de pura inspiração alexandrina, compostos em metros variados; 69-116, epigramas em dísticos elegíacos, muito próximos, em tom e temática, do primeiro conjunto de poemas.
O livro do poeta de Verona inicia-se com uma pequena composição dedicada a Cornélio Nepos, que o terá eventualmente introduzido na sociedade romana, e encabeçaria uma colectânea, que denomina de libellus, “livrinho”, de nugae, “ninharias”. Mas o livro, tal como nos chegou, contém poemas que não podem ser assim classificados, pela sua extensão […]
Os poemas sucedem-se, portanto, de forma um pouco caótica, tendo em conta os temas e o próprio tom, ora triste e pungente, ora jovial e galhofeiro, ora elevado e helenizante, ora licencioso e obsceno. Tamanha variedade leva ao uso de diversos níveis de linguagem, sendo nota dominante a rejeição do poema heroico de tipo homérico e eniano (o poema de Catulo mais extenso não excede os 408 versos). – Ana Alexandra Alves de Sousa, “Introdução”, Carmina.
Poemas, poesias