Escrevo-lhe porque você é um homem negro que amei. Não dou a mesma importância a outras pessoas que também amei, pois foi você quem compartilhou comigo momentos únicos: sofremos pelo nosso pertencimento a uma classe e a uma raça, embora o gênero e talvez valores tenham nos distanciado. Você é parte da minha história individual e daquela social. Talvez os nossos antepassados tenham até chegado juntos da África nas terras de Minas Gerais, amontoados no mesmo navio, e nόs dois estamos vivos, cada um à sua maneira, lutando para não sermos aniquilados.
"Ao falar por um tanto de mulheres negras, e não negras, Fabiane exerce o poder humano de nos ajudar a recusar a herança feminina do silêncio das gerações que nos antecederam. Nessa escrita sem anestesia, Fabi “fala” sem controle. Sem medo. Com coragem. Um movimento difícil para quem foi constituída, como muitas, na condição de calar e fortalecer o poder dos tiranos. Ela cortou os lençóis que a amordaçavam e picou-os com a tesoura!"
– Diane Valdez
Ficção / Literatura Brasileira / Romance