Os Casos do Romualdo de J. Simões Lopes Neto, dados como perdidos até que o jornalista e pesquisador Carlos Reverbel os recolheu de uma versão impressa (em 1914) nas páginas de antigos números de um jornal de Pelotas — o Correio Mercantil, publicados sob o pseudônimo de João do Sul. [Três "causos" já tinham sido contados n'A Opinião Pública' de Pelotas (1913) e na Revista da Academia de Letras do Rio Grande do Sul (1911), a saber, "A Quinta São Romualdo", "A enfiada de macacos" e "O gringo das lingüiças"].
Nos Casos predomina o relato fantasioso e hiperbólico, um grande exagero da realidade com vistas ao riso e entretenimento. Os "causos" extraordinários envolvendo gentes e bichos fazem avultar a figura do anti-herói Romualdo, o tipo do homem comum que busca criar uma imagem maior de si mesmo, ainda que fundada na mentira e na ilusão. Grande contador de histórias, propositadamente inverídicas, Romualdo forneceu os “elementos e sugestões” que permitiram a formidável criação literária de Simões Lopes Neto. Suas aventuras mesmo não tendo nenhuma veracidade, agradam pela força da invenção e por apelarem continuamente ao absurdo. Romualdo igualmente pode ser visto como a representação de um tipo muito freqüente nas comunidades em decadência e que, através da imaginação febril, compensa a mediocridade de sua existência cotidiana. |...| [Wikipedia]: Os 21 causos inverossímeis deste livro são criação de um personagem que realmente existiu, o engenheiro da Secretaria de Obras Públicas de Pelotas, Romualdo de Abreu e Silva, contemporâneo de Simões Lopes Neto. Costuma-se comparar Casos do Romualdo com "As Aventuras do Barão de Münchhausen", mas Augusto Meyer descarta a influência direta. Profundo conhecedor da cultura gaúcha, Meyer não ignorava o gosto de Simões Lopes Neto em freqüentar os galpões de estância, onde os gaúchos, reunidos em volta do fogo e tomando chimarrão, se entretinham contando histórias inventadas ou verdadeiras. |...| A obra somente foi recuperada graças ao paciente trabalho de pesquisa do escritor Carlos Reverbel — folheando muitas e muitas folhas de jornais fora de circulação na Biblioteca Pública Pelotense — ou, então, com os préstimos de um velho amigo de Simões Lopes Neto, o Francisco Cardoso, adentraram no empoeirado sótão de um casarão abandonado(!) e ali encontraram um volume encadernado do jornal Correio Mercantil, contendo os vinte e um capítulos publicados de 1º de Junho a 21 de Julho de 1914. Neles estava o texto completo da obra, que fôra originalmente publicado em folhetim no referido jornal, fato que a viúva de Simões, Dona Velha, ignorava... (O leitor interessado póde escolher a "melhor" versão da história do descobrimento dos referidos causos;)
Então, Reverbel fez uma cópia datilografada dos vinte e um folhetins, material que serviu de base para a edição que a Livraria do Globo publicou em 1952.