Com argumento de Miguel Peres e arte de quatro artistas diferentes, Cemitério dos Sonhos começa com um pensativo prefácio de André Oliveira sobre as diferentes experiências de vida e a sua real importância, para nos introduzir à vida de Dre, um rapaz que perdeu o pai muito cedo e que vive numa rotina cinzenta como avaliador de máquinas de lavar a roupa.
A rotina a que já está habituado é um modo seguro de sobreviver mas, também, a causa da sua apatia perante a vida, algo que ainda não se apercebeu, amarrado como está por memórias e sonhos com partes submersas no subconsciente. Até ao dia em que, através de uma estranha entidade, explora a sua própria mente, e o cemitério dos sonhos.
A exploração do interior, com lutas fictícias em que enfrenta memórias e desenterra inibições, fá-lo analisar alguns factos e rever acontecimentos por uma nova perspectiva, principalmente os que estão associados à morte do pai. É assim que Dre consegue dar nova forma às amarras que o prendem na apatia, lembrar-se de quem é e trazer à vida os seus sonhos.
Muitas obras que exploram temas mais interiores, com componentes conceptuais e pouco palpáveis, perdem-se em objectivos demasiado metafóricos. Não é o caso de Cemitério de Sonhos que consegue manter uma linha condutora e coesão, ligando as barreiras interiores a acontecimentos da vida Dre, o que lhe confere um sentido de conclusão e concretização no final.
De visuais diferentes que se complementam, Cemitério dos Sonhos é uma história introspectiva onde se explora a necessidade de refletir sobre uma existência cinzenta, analisar as barreiras acumuladas ao longo dos anos e recuperar sonhos e objectivo de vida.
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