Cenas de amor perdido

Na adolescência, em uma pequena comunidade do interior de Goiás, o escritor Antônio José de Moura conheceu um verdadeiro projeto de dândi. Acaboclado, parecia um Don Juan e, em contraste com o povo simples da região, logo se destacou. Fazia um enorme sucesso entre as mulheres e despertava o ciúme nos homens. E é essa figura satírica que serve de base para o anti-herói de CENAS DE AMOR PERDIDO, estréia do escritor goiano na Editora Record. Biazulmi é um devorador de mulheres e destruidor de corações. Nascido na fictícia Erosópolis, se mantém fiel ao código de honra local: sensualidade e hospitalidade norteiam os cidadãos. A partir do perfil deste sedutor nato, capaz de despertar paixões avassaladoras nas mulheres e a inveja compulsiva nos homens, o autor constrói uma história satírica e rocambolesca. Para contar essa fábula, Moura usa dois interlocutores. São professores universitários, um da terra e outro recém-chegado em férias, que, à beira do rio Araguaia, bebendo cerveja num bar, extasiados com a imensidão de céu e água, encontram Valquíria. Mulher outrora bonita, hoje triste e indiferente aos homens, ela tenta curar-se de uma perda amorosa irreparável. E se torna o ponto de partida para a narrativa da trajetória de Biazulmi. Representante da literatura picaresca, gênero pouco explorado no país, Moura constrói aqui uma vasta e devastadora crítica de costumes. Um ensaio sobre o Brasil moderno, com suas mazelas individuais e coletivas. Tudo em CENAS DE AMOR PERDIDO fica claro: quem pensa por nós, quem determina o nosso modo de agir, comer, falar, dormir.

Romance