Chá das Cinco

Este é um convite. Na realidade, apresenta a possibilidade de se desvencilhar do formal, do comum, daquilo que dirige nossas suspeitas em relação ao leitor que nos habita. Desconhecida de nós mesmos, a linguagem que portamos se abre na expectativa de darmos rumo às pausas, aos conflitos, às perguntas que fazemos, mesmo não querendo fazer. Quase uma transgressão, a forma de apresentação destes textos sugere que façamos o caminho de nossas palavras, muito além do que nos antecede, muito além do que já estava dito. Embora as protagonistas destes contos sejam mulheres, estão em relação ao diferente, ao que o masculino lhes pede para que sejam femininas. Até mesmo naquilo que exige um ponto ou uma vírgula. Ora, a escrita, o ato em si, dá fim a toda a sorte de paraíso, de inventário. Dá refência, situa,ampara. A escrita não é algo só para homens, mas é o que podemos situar de ordenador masculino de todo o gozo sem fim e imaginário. Chá das Cinco é um convite, para que possamos somar mais um, naquilo que o desejo nos aponta, mesmo que seja para reconhecermos o limite de uma pequena história, a de cada um.