Cimbeline, Rei da Britânia tem sido um tanto subestimada pela crítica shakespeariana. Notoriamente, a partir da reação de críticos racionalistas, como Samuel Johnson e George Bernard Shaw, corre a fama de que o enredo da peça é convoluto, a situação, em dados momentos, incongruente. Por sua vez, as supostas dificuldades do texto têm resultado na sua infreqüente encenação. Na verdade, criado por um Shakespeare amadurecido, o texto é extremamente intrigante, sobrepondo tragédia, comédia e até farsa; o verso apresenta um ritmo inusitado, perturbador, um lirismo memorável, e as canções, cantadas ou declamadas, são das mais belas entre as que constam das peças shakespearianas.