Estimular o interesse pela esfera pública deveria ser uma diretriz sempre levada em conta pelos jornalistas brasileiros. Impregnada pelo que há de melhor e de ruim da Teoria do Espelho, corrente do pensamento a pregar, por exemplo, a existência de uma suposta objetividade informativa, a imprensa nacional tem se limitado, por décadas, a perpetrar o papel de agente denunciante dos desmandos ocorridos no seio da coletividade, em especial quando envolve recursos materiais e financeiros do Estado. Não é pouco, mas existe espaço para mais.
Civic Journalism: Haverá um modelo brasileiro? é uma tentativa de jogar luzes no que seja este "espaço para mais". Em uma época permeada pelos chamados jornalismo de Blogs, jornalismo Participativo e jornalismo do que quer que seja, o livro apresenta os fundamentos do Civic Journalism, uma visão comunicacional surgida nos anos 80 e ainda em fase de transformação intensa e completada pelas novas formas de mídia colaborativa.
A partir de exemplos ocorridos nos Estados Unidos e em outros países (como Bolívia e Argentina), a obra tenta provocar reações nos profissionais da Imprensa, sobretudo, de modo que seja possível pensar em mecanismos que intentem maior envolvimento das pessoas comuns nos assuntos de interesse geral, a partir das notícias e de outras práticas defendidas pelo Civic Journalism. O estereótipo do jornalista como um paladino solitário em busca da melhor denúncia e fazer é apenas isso, um estereótipo, e bastante desgastado. Para além de contar o que está errado na sociedade, há de ser propositivo. Nos capítulos a seguir, pistas são fornecidas sobre como se chegar a tanto.