Clarice Lispector foi originalmente não só quanto à ficção que construiu, mas também uma pioneira em outras áreas: ingressando no jornalismo ainda na década de 1940, era a única mulher da redação em que trabalhava, e uma das poucas, à época, a exercer uma profissão. Nos anos 1950, enfrenta novo desafio. Convidada a escrever colunas femininas, precisa falar sobre moda, beleza e comportamento, mas deseja driblar a ideologia veiculada nessa seções, que reduzia a mulher ao desempenho de um papel menor na sociedade. Ao lado dessa preocupação, vive o temor de que o ofício comprometa sua reputação como ficcionista. Por isso, utiliza pseudônimos e concorda, anos mais tarde, em ser a ghost writer da famosa manequim Ilka Soares.