Este livro interpreta as manifestações das práticas e das crenças afro-brasileiras em São Paulo, no período seguinte à extinção do regime do trabalho escravo no Brasil, quando as elites dominantes republicanas procuravam construir em solo brasileiro uma nação moderna e civilizada, seguindo padrões europeus. Paulo Koguruma mostra que, para alguns segmentos da elite dominantes, a presença, no Brasil, de elementos relacionados às matrizes culturais, ou seja, um empecilho à modernidade. Embrasado no imbricamento entre história e antropologia, o autor faz uma descrição minuciosa e a rica da dinâmica das religiosidades afro-brasileiras, narrando rituais da Umbanda e do Camdomblé, as festas públicas, as cerimônias particulares dedicadas às entidades, guias e orixás, que acontecem em inúmeros terreiros ou centros, os despachos expostos nas praças - ainda hoje -, em claro contraponto à hegemonia do pensamento racional e cientificista e ao ritmo alucinante que marcam a produção capitalista.