A falta de operários qualificados atormenta as construtoras desde o início do aquecimento da construção civil, com reflexo direto no aumento do custo da mão de obra. Para se ter ideia, o INCC (Índice Nacional de Custo da Construção) de janeiro a agosto teve alta de 11,13% no item mão de obra, valor muito acima dos principais índices inflacionários do País, como o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que subiu 4,42%. E superior também ao item "materiais, equipamentos e serviços" do próprio INCC, que teve incremento de 4,48% no mesmo período. Essa alta expressiva, no entanto, não tem se revertido em trabalhadores mais qualificados, nem em maior produtividade e qualidade no canteiro. Pelo contrário. Segundo as construtoras ouvidas para a reportagem de capa desta edição, hoje paga-se mais por menos. A solução para o gargalo da vez só virá com medidas conjunturais já bastante apontadas pelos porta-vozes do setor, como qualificação em massa, redução dos encargos trabalhistas e valorização das profissões de canteiro. Tudo isso deve levar anos para ser feito, mas as construtoras não podem esperar. Afinal, os preços dos imóveis, que subiram muito, tendem a arrefecer e acompanhar a inflação - um pouco mais, um pouco menos. Com isso, as margens de lucro das construtoras devem ser pressionadas. Atentas a esse cenário, as empresas de construção estudam saídas para gerir o custo da mão de obra. Novas formas de remunerar por tarefa, "desterceirização" e bônus por produtividade e qualidade estão entre as medidas. Enquanto uma solução conjuntural não chega, as empresas se viram como podem. Boa leitura!
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