Contos eróticos

Contos eróticos, importante antologia de Dalton Trevisan organizada pelo próprio autor, retorna com nova capa, texto de orelha assinado por Fernanda Torres e tirinha inédita de Laerte.

Nelsinho, o vampiro que se alimenta de sexo, está enrascado. Em uma Sexta-feira Santa, ele se vê em um hotelzinho no Centro de Curitiba com “a última fêmea”, “banguela, nem um dente entre os caninos superiores”. Então recorre aos céus: “Terei de beber, ó Senhor, deste cálice?”

O herói criado por Dalton Trevisan, protagonista do conto A noite da paixão, originalmente lançado no clássico O vampiro de Curitiba (1965), está ao lado de outros personagens “doentes de amor” em Contos eróticos, terceira antologia da obra do escritor curitibano.

Integram esta seleta algumas das grandes histórias da literatura brasileira, escolhidas pelo próprio autor. Entre os dezesseis contos, figuram alguns clássicos do vasto repertório do Vampiro de Curitiba: Dinorá, moça do prazer, Cântico dos cânticos, Lincha tarado, lincha, Meu querido assassino e Mister Curitiba.

Essas histórias estão envoltas em uma rica fabulação, típica da obra de Dalton Trevisan e que o coloca em um restrito grupo de escritores que criaram verdadeiros “mundos ficcionais”.Valendo-se de sua consagrada escrita econômica, Trevisan abarca uma infinidade de temas no arco “sexual”: da culpa ao pecado; do estupro à virgindade; da traição ao desejo. Sempre mantendo subliminarmente um diálogo com a religiosidade, outra característica marcante de seus personagens.

Em texto de orelha inédito, escrito especialmente para essa mais nova edição, a atriz, escritora e roteirista Fernanda Torres comenta que “o desejo, neste livro, é sinônimo de miséria, é sexo sem misericórdia, culpa sem perdão. Contos eróticos, anuncia a capa, eu diria obscenos. Obscenos seria o termo mais exato para esta seleção de pérolas”. Publicados entre as décadas de 1960 e 1980, esses contos mostram como Dalton Trevisan atravessa o tempo mantendo-se relevante e atual. Mesmo discorrendo sobre um assunto tão fluído, amplo e propício a novas interpretações como o sexo.

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