Contrastes e prazeres da sociabilidade dos trabalhadores têxteis de Blumenau (1958-1968)

Os trabalhadores têxteis de Blumenau no período de 1958-1968 são os personagens principais deste livro, dedicado à análise das formas de sociabilidade em sua vida associativa nos bairros, entre a moradia e a fábrica. O livro explora uma vertente inédita de abordagem, ao reduzir a escala de análise e relacionar Blumenau com Santa Catarina e o Brasil, em contraposição à invenção consagrada da história de Blumenau, fundada em torno do empreendedorismo dos donos de fábrica de origem alemã. A autora demonstra os múltiplos conflitos e comprova que não havia uma sociedade etnicamente homogênea, ao apontar que a maior parte dos trabalhadores provinha de fora de Blumenau, frequentemente de outras regiões do Estado de Santa Catarina, em que a imigração germânica pouco ou nenhum peso. Tal argumento revela uma recusa tácita ao determinismo exterior, que postula um destino desprovido da vontade e ação dos sujeitos históricos, escolha que possibilita a compreensão do mundo social visto e vivido pro trabalhadores, com a valorização de suas próprias ações diante dos campos de poder. Neste livro as culturas de classe recebem contornos mais nítidos, a partir das formas de sociabilidade que envolviam a leitura, com as bibliotecas de jornais de fábrica; as práticas desportivas, com predominância de torneios ou amistosos de futebol; bem como as celebrações festivas, com a inauguração das sedes das associações desportivas e recreativas, jubileus, comemorações ou festas de congraçamento, em especial o Primeiro de Maio e a festa junina.

História do Brasil