Corações se despedaçam facilmente

Corações se despedaçam facilmente Lizandra Silveira


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Corações se despedaçam facilmente





Leia abaixo o conto "A casa da floresta", que compõe "Corações se despedaçam facilmente", de Lizandra Silveira:


A casa da floresta

A casa era na floresta. Uma floresta densa e escura. Mas não tão escura assim. Apenas escura o suficiente para fazer percorrer aquele arrepio gelado pelas nossas costas. Sempre gostei de lugares assim, fazem com que eu me sinta vivo.

Andar pela floresta de manhã era o que ela gostava de fazer todos os dias. Parecia que isso poderia trazer ele de volta. Cada vez que ela passava pela trilha, seu coração se enchia de uma paz desconhecida. Uma esperança de que ele estaria lá quando voltasse.

Explorar novos lugares era excitante, tão excitante que ele podia sentir a adrenalina começando a fluir por todo o seu corpo. Era palpável. Seu coração batia forte e suas pernas enchiam-se de energia. Ele não conseguia parar de correr.

O canto dos pássaros era algo mágico. Às vezes ela podia jurar que ouvia a risada dele, como se estivesse ali, conversando e pulando de árvore em árvore. Seu coração disparava e suas pernas ficavam trêmulas. Como se ela tivesse corrido uma maratona.

E no meio da floresta, para sua surpresa havia uma casa, uma casinha simples, bastante limpa para não ser habitada, parecia apenas que seus habitantes foram dar uma caminhada pela manhã.

Tinha dias estranhos, tão solitários que ela não sabia como iria aguentar. Era muito doloroso quando as coisas ficavam assim e a floresta estava sempre lá. Sempre esperando que ela o encontrasse, onde quer que ele estivesse.
Ele chegou mais perto, olhou pela janela. Tudo muito simples, mas continha o suficiente para passar a noite. Procurou por marcas de carros ou algum outro veículo, mas parecia que ninguém ia lá há um bom tempo.

Ela sabia que quando isso acontecia, ele estava por perto. Era mais forte do que ela, pulsava dentro de si mesma. Uma força estranha que fazia com que ela relembrasse tudo aquilo que viveram juntos, antes do acidente.

Tentou abrir a porta, para sua surpresa estava aberta. Anunciou sua entrada. Perguntou se ali havia alguém. Adentrou a pequena cozinha, conjugada com a sala. Um cheiro agradável perfumava o ar. Fechou a porta atrás de si e pensou que estava com sorte.

E mais uma vez ela acordou na casa da floresta. Nunca conseguia entender como ia parar ali. Era para esta casinha que ele sempre a trazia, quando eram namorados. A casinha que ele encontrou um dia, perdida na floresta, que parecia esperar por ele.

A empolgação era boa, encontrou na casa um bom lugar para descanso. Os móveis estavam um tanto empoeirados, os donos não vinham aqui há muito tempo. Encontrou uma cama e adormeceu, deixando o cansaço vencer mais uma vez.

Limpou a casa, como sempre fazia em manhãs como essas. Tirou a poeira e deixou as bancadas limpas. Perfumou o ambiente. Ela sabia que era para lá que ele voltava, e sempre que podia levava ela com ele.

Contos / Literatura Brasileira

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Mariana - @escreve.mariana
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