nesta obra poemática ligeira arrítmica prosóica avexada, nesta PLAPA, não há espaço para corpos vencedores, pois estes nos falseiam a história | interessa-me os que sempre perdem, pois somos de um país que foi construído por perdedores, desde a maldita colonização que perdura até hoje | o início de uma trilogia de corpos perdedores que nos contam estórias e tornam-se sujeitos. sem nomes, sem berço, sem futuro, mas, senhores da narrativa, ENFIM AQUI HÁ DOMINANTES E VAGABUNDOS em espaços que os traduzem e moem suas carnes os abatendo nos matadoutos dos campos e cidades
contar um conto é fazer metamorfose tempo e espaço em melodia, ritmo, cadência, concerto, ajuste de contas, o que seja, desde que a poesia venha salvar a prosa de suas inutilidades
há esse elefante preso na garganta que me mata em prosa torquata
contar realidade é desdizer fatos que entram distorcidos goela abaixo
e por isso odeio vencedores, odeio todos eles
pois não há graça na realidade
só há vida real na escrita
aquela que se umidifica VULVA E GLANDE
transmuta-se
saliva cospe vomita
parindo vida
e um corpo cáustico
só ou mal acompanhado
inda anda bem
com ácido na língua
[carlo benevides]
Contos / Literatura Brasileira / Terror