Kant é considerado o autor de uma revolução copernicana no pensamento. Tal como o astrônomo polonês, o filósofo alemão introduziu uma mutação decisiva ao delimitar o alcance do conhecimento, ao interditar a filosofia de se afundar em questões insolúveis. A “Crítica da razão pura” (1781) é uma espécie de autoexame, do qual a conclusão mais decisiva é que não é possível conhecer as coisas em si, apenas os fenômenos, ou seja, aquilo que podemos perceber.
Tão importante quanto essa limitação, a obra sintetiza duas tradições que pareciam inconciliáveis. De um lado, havia os que confiavam exclusivamente na capacidade da razão ordenar e interpretar a natureza, ultrapassando as aparências e apreendendo as essências.
De outro, estavam os defensores do empirismo, para os quais o conhecimento brota da experiência. Kant supera o impasse conjugando duas faculdades: a sensibilidade e o entendimento. Enquanto aquela oferece os dados, este organiza, estrutura, compara, combina.
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