Curto-circuito Camicase

"Um aviso a camaradas navegantes: cuidado. Curto-circuito camicase contém delírios perigosos, daqueles que alteram a química cerebral e a percepção da realidade, compostos por um dos nossos mais polivalentes artistas artífices. No caso, um artista escaldado (Luiz Bras é a persona versada em ficção científica do autor Nelson de Oliveira). E nervoso. Não com a literatura, mas com a humanidade. Que merda é essa de avançar a ponto de curar doenças inimagináveis, acariciar planetas distantes com dedos robóticos e conectar o mundo numa massa instantânea de interlocução, e ainda assim penar tanto para erradicar a desigualdade social e material? Quão longe vão rastejar a corrupção e a podridão humanas lado a lado com a complexidade racional e mecânica? Bem longe, se os delírios de Bras nos disserem alguma coisa. A embarcação ancestral da ficção científica está bem representada nestas páginas: futuros distópicos, engenharia genética, drogas da inteligência, conexão cérebro-máquina, robôs e androides, cidades autônomas, viagens espaciais. Mas reside em Bras outro apelo não tão comum na fc, intrínseco à sua obra recente: o místico. É na verdade o sincretismo tecnológico-espiritual que alinhava esta coletânea, síntese de seus últimos anos de produção (seus contos iniciais foram reunidos no livro Paraíso líquido, em 2010)." - trecho da orelha de Santiago Santos.

Literatura Brasileira