A tese central deste livro é que as discussões acaloradas são inúteis, tendo como consequência principal a radicalização das posições das pessoas que discutem. Nessas discussões a emoção predomina sobre a razão, a honestidade intelectual é relegada a segundo plano e as consequências são ruins, frequentemente levando ao estremecimento das relações entre os que discutem. O livro analisa a discussão à luz do conhecimento psicológico contemporâneo. Seu objetivo é fazer com que as pessoas se deem conta dos vários fatores psicológicos que as induzem a rejeitar uma opinião contrária a seus valores e convicções. Uma vez conscientes disso, é possível que possam neutralizar essas tendências naturais, conter suas emoções, privilegiando a razão e a honestidade intelectual nas discussões em que se envolvem. Assim procedendo, torna-se mais provável que evitem distorcer a realidade em benefício próprio, aceitando a evidência dos fatos. Nove fatores psicológicos são apresentados como obstáculos à utilidade das discussões. São eles: redução de dissonância, busca de harmonia entre o fato e a fonte a ele atribuída, a existência de um eu totalitário que censura tudo que não nos agrada, a tendência a sermos mais charlatães do que cientistas na busca da verdade, a necessidade de encontrar posições confirmadoras das nossas, a tendência a enganarmo-nos a nós mesmos, as falhas e a seletividade de nossa memória, a resistência que opomos a qualquer tentativa de persuasão vinda de outra pessoa e os nossos estereótipos e preconceitos. O desrespeito aos fatos, as fake news, a corrente de pensamento pós-modernista e a consequente cultura da pós-verdade são considerados como fatores que concorrem para a inutilidade das discussões. O capítulo final mostra as condições em que discussões podem ser úteis. Para isso, faz-se mister que haja honestidade intelectual qual entre os oponentes, que eles se dêem em conta dos fatores psicológicos que nos induzem a rejeitar a opinião contrária e que a as pessoas procurem fazer com que sua razão predomine sobre suas emoções. Discussões revestidas destas característica, todavia, constituem a exceção e não a regra.
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