Este livro trata da circulação de pessoas, objetos e saberes entre a América Portuguesa e os Países Baixos durante o século XVII. O problema que se procura entender é o processo de formação de um conjunto de conhecimento sobre o Novo Mundo na Holanda seiscentista. Iniciado já no século XVI, quando mercadores flamengos e holandeses faziam comércio nas costas da América Portuguesa, este processo ganhou enorme impulso a partir do estabelecimento da colônia holandesa no nordeste do Brasil em 1630. Para entender como os encontros coloniais e as trocas de objetos naquele período geraram um conjunto de saberes coloniais, tomamos como objeto de estudo a coleção de curiosidades do conde Johan Maurits van Nassau-Siegen (1604-1679), que foi governador do Brasil holandês entre 1637 e 1644. Neste período, Nassau montou uma coleção particular que incluía espécies naturais, artefatos e representações visuais da natureza, paisagem e dos habitantes da colônia. Buscou-se, desta forma, identificar quais objetos faziam parte da coleção, descobrir como Nassau os adquiriu e, mais importante, entender qual sentido e quais usos ele dava a ela. As fontes utilizadas foram os próprios objetos que fizeram parte da coleção nassoviana e que hoje ainda existem e estão dispersos por museus e bibliotecas européias, bem como livros publicados na Holanda sobre o Novo Mundo; diários e relatos de pessoas que estiveram no Brasil a serviço de Nassau ou da Companhia das Índias Ocidentais; correspondência e relatos de membros da corte holandesa. As conclusões desta tese dizem respeito à maneira como o conde de Nassau construiu sua carreira política na Europa depois e a partir de sua experiência no Brasil, assim como à natureza dinâmica da construção dos saberes coloniais, compostos por camadas de experiências dos mais diversos sujeitos.
História / História do Brasil