Há uma melancolia chuvosa, cinzenta e úmida na maioria dos relacionamentos amazônicos. A vida na beira do rio, o rio eterno, que flui pro infinito, que alimenta e cria, que dá a possibilidade de uma viagem e um retorno. Em seu livro de estréia, "Dentro de um peixe", o paraense Marcos Samuel Costa segue a tradição amazônida, narrar este mundo onde o tempo corre outro compasso, selvagem e amoroso, brutal e lento feito uma sucuri. O que se poderia nomear romance de ciclo, pois que corre segundo as águas de um rio atemporal, não distingue fases de vida, senão que as contando como se as mesmas águas lambessem as margens de cidades diferentes, no fundo a mesma e única.
Romance