Após a Independência, Brasil e Portugal mantiveram vínculos humanos, econômicos e políticos incomparáveis. Durante o século XIX, os portugueses foram os mais numerosos imigrantes e os que influíram na moldagem do perfil étnico do Brasil. A economia e as finanças portuguesas estiveram, então, mais fortemente amarradas ao Brasil do que às colônias africanas. O Estado Império Brasileiro foi uma espécie de transplante do Estado português nas Américas. Durante a primeira metade do século XX, apesar do lastro cultural que transcende o tempo e vincula os dois povos, Brasil e Portugal tornaram seus laços mais rarefeitos. Aliás, chegaram a olhar-se como estranhos, quando Portugal mantinha seu colonianismo e o Brasil corria atrás do desenvolvimento. Desde os anos 1970, encaminha-se, contudo, uma parceria estratégica entre Brasil e Portugal, chamados a compartilhar a herança que do passado traz lições e energias capazes de beneficiar ambos os povos e robustecer a posição de cada um no cenário internacional. Cervo e Magalhães, um brasileiro e um português, conjuraram seus esforços para desvendar esse passado de duzentos anos e desenhar a nova parceira de relacionamento que se abre a portugueses e brasileiros.