Esta obra de Daniel Chutorianscy traz um pouco da história de migração do povo judeu para o Basil. E o faz não como relato, não como memória, não como História, mas através de um texto poeticamente construído, breve, conciso e enxuto, que brilha com a força da boa literatura. Pode-se dizer que, aqui, Chutorianscy prossegue uma linha que vai de Bashevis Singer a Scliar, pasando por Phillip Roth, Saul Bellow, Primo Levi...
Neste percurso o autor aborda temas que são comuns não só a este grupo, mas que fazem parte da experiência humana: perseguições, guerras, guetos, matanças, saques e migrações. Tudo isso sugere selvageria, mas ao mesmo tempo também é capaz de revelar a potência e a força da migração e daqueles que, por opção ou por necessidade, arriscaram-se no mundo desta forma.
Tal potência confere a este livro um tom de protesto contra o gueto, a guerra, o genocídio e os demais superlativos da perversidade humana, seja em terras frias que congelam ou nas terras quentes que sufocam. Mas também, num texto envolvente e burilado, o oposto de tudo isto: saga, sonho, poesia, esperança e a convicção de que tudo vai dar certo, como tantas vezes.
Não-ficção / Poemas, poesias