Aliando de forma criativa o rigor etnográfico com o fantástico universo simbólico pagão dos índios urus bolivianos, Nathan Wachtel mostra em Deuses e vampiros que o anseio dessas populações indígenas pelo ingresso no mundo moderno as leva a se converter ao catolicismo e às religiões evangélicas e pentecostais. Essa conversão ameaça desmoronar não só um conjunto de instituições e costumes fundados em crenças pagãs como também laços sociais seculares que sustentavam práticas agrícolas tradicionais e irrigação e preservação do solo. Diante dessas ameaças, os novos convertidos ressuscitam crenças arcaicas, reencontram personagens vampirescos e reatualizam rituais pagãos de culto aos mortos, numa vã tentativa de conjurar as catástrofes que a entrada na modernidade e a introdução do individualismo em suas culturas não conseguiram evitar.