Trata-se de um estudo sobre as tensões no campo da música brasileira; na década de 1970; feito a partir de 21 letras de músicas do músico baiano Raul Seixas (1945-1989). As referidas letras constituem as principais fontes do trabalho e foram analisadas; tendo em vista; principalmente; a noção de linha evolutiva na Música Popular Brasileira; formulada por Caetano Veloso; em meados da década de 1960 e que; desde então; passou a ser um significativo parâmetro para se pensar a MPB. O trabalho mostra a objetivação histórica do conceito de linha evolutiva; a partir de uma situação dos debates sobre o ser da MPB entre os meados da década de 1960 e por toda a década de 1970. Neste quadro; a obra de Raul Seixas e de seus parceiros é apresentada como um contra discurso que reage e resiste ao conceito de linha evolutiva. O estudo; a pretexto do debate referido; também reflete sobre a maneira singular como Raul Seixas se inseriu nos debates sobre sua época; favorecendo a popularização de temas como vida em comunidades alternativas; uso das drogas e esoterismo. Em seguida; aborda-se a vida privada dos sujeitos nas suas dimensões amorosas como um outro desvio do conceito de linha evolutiva na obra do Raul Seixas; que defende uma forma sofisticada; despolitizada e contida de falar de amor e desejo; ao problematizar temas tais como: as relações monogâmicas e a heterossexualidade. Por fim; aponta-se a especificidade da obra de Raul Seixas enquanto lente de conflitos históricos e culturais. Assim sendo; a grande tônica de sua obra foi a recusa às formas de existência e a construção de uma temporalidade própria para os anos 1970 por meio da abordagem múltipla do universo cultural do período; ao contrário das sínteses culturais direcionadas e evolutivas.