Diálogos do cotidiano - assistente social

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Diálogos do cotidiano - assistente social (Caderno 2)


reflexões sobre o trabalho profissional




Seguindo o rastro do sucesso de nosso lançamento da série Diálogos do Cotidiano: reflexões sobre o trabalho profissional, com o primeiro caderno centrando a análise no decifrar da conjuntura, para encontrar o caminho para as estratégias de ações coletivas. Neste segundo caderno, a análise se atualiza no contexto das eleições gerais no país e nos desafios profissionais para enfrentar temas áridos e insolentes. Esta é a intenção desta publicação: oferecer subsídios e provocar debates relacionados aos temas com os quais a profissão contribui com suas análises críticas, no enfrentamento das históricas desigualdades de raça, classe, gênero, geração, construindo estratégias anticapitalistas, antirracistas, anticapacitistas e contra todas as formas de expressão dos conservadorismos.

Conforme explicitamos no Caderno 1, a gestão do CFESS Melhor ir à luta com raça e classe em defesa do Serviço Social (2020-2023) tomou a decisão de levar os temas instigantes para um processo de diálogos internos, externos e no Conjunto CFESS-CRESS, de modo a contribuir com as discussões e debates sobre o trabalho profissional, considerando-o como expressão do trabalho na sociabilidade capitalista, uma particularidade a ser estudada e uma realidade no universo das políticas públicas. Ao encontrar o cerne da questão, resolvemos potencializar o papel pedagógico da reflexão, da orientação e também da problematização, de modo a mobilizar a força criativa da autonomia profissional.

As inquietações vivenciadas numa conjuntura adversa devem ser ouvidas e trabalhadas a partir do “tempo miúdo” (YAZBEK), para lhes dar significado histórico numa totalidade social, econômica, política. Mais do que regulamentações e enquadramentos, as requisições institucionais devem ser processadas num ambiente profissional, buscando dar respostas qualificadas. Assim, a gestão traçou como plano uma série de debates, com vistas a contribuir com o processo de amadurecimento crítico da categoria profissional.

Conjunturalmente, o segundo semestre de 2022 foi atravessado por um duro processo eleitoral, que incitou a participação de assistentes sociais em defesa da democracia e das políticas públicas. Em nota no segundo turno das eleições, posicionamos preocupação com “a nossa frágil democracia [que] vem sendo ameaçada diariamente, por ações e reações de grupos ou pessoas
que praticam violências contra nossos corpos, alvos de discriminações, preconceitos, violações diversas, sendo eliminados e atacados. Vivemos ou revivemos tempos de intolerância, fanatismo, misticismo, com instigação de ódios de gênero, de diversidade sexual, de raça-cor e tantas outras. São situações que revelam nosso país dividido pela disputa de projetos societários, com mares revoltos e rumos incertos”.

Assim, o atualíssimo primeiro texto deste caderno, de autoria do professor Marcelo Braz, nos brinda trazendo elementos históricos e
conjunturais para pensarmos o projeto ético-político nesse cenário após as eleições, em que autor analisa a extrema-direita e como tendências antidemocráticas criaram “uma convergência entre um neoliberalismo radicalizado e um neoconservadorismo reacionário”. Em sua densa análise do cenário brasileiro, nos convoca a pensar nossas possibilidades político-profissionais, sem ilusões com a democracia liberal e diante de enormes desafios a serem enfrentados por toda a classe trabalhadora, diante de
precarizadas relações de trabalho e os novos contornos da luta de classes. Reforça a contribuição do Serviço Social no enfrentamento da extrema-direita e a necessidade de pensarmos nossa profissão na contemporaneidade, na perspectiva de preservação do projeto ético-político e de contribuições para construção do Brasil democrático.

O segundo texto, a Nota técnica sobre o trabalho de assistentes sociais e a coleta do quesito raça/cor/etnia, escrita pela professora Márcia Campos Eurico, também reforça as contribuições do Serviço Social no enfrentamento de questões históricas e estruturais de nosso país, como o racismo. Enfatiza como as atribuições profissionais de assistentes sociais precisam contribuir para reduzir os impactos do racismo institucional e ter uma ação comprometida com a luta antirracista. Lançar essa nota em um ano em que vivenciamos a retomada de ações presenciais, como o 49o Encontro Nacional do Conjunto CFESS-CRESS, fórum máximo deliberativo de assistentes sociais, que ocorreu “na terra de Dandara e Zumbi” e ficou marcado pela continuidade do debate étnico-racial e pela emocionanteCarta das/os assistentes sociais e dos Comitês de Luta Antirracista ao Conjunto CFESS-CRESS, em que, dentre outras questões, reivindica que “a luta e o exercício profissional antirracista sejam incorporados de forma estruturante
na formação e trabalho profissional de assistentes sociais”; cumpre um importante papel político-pedagógico e orientador, pois, conforme brilhantemente a autora destaca, o quesito raça/cor/etnia reflete escolhas ético-políticas que devem coadunar com os princípios preconizados em nosso Código de Ética Profissional e materializar, no cotidiano, uma prática antirracista.

A gestão espera que a categoria usufrua da riqueza desses escritos, para que se reverbere em nossas ações e, conforme cancioneiro do Grupo Secos e Molhados, que possamos “segurar a primavera nos dentes”, com “consciência para ter coragem”, com “a força de saber que existe e no centro da própria engrenagem inventa contra a mola que resiste”. E vamos à luta!
Primavera/2022.

Sociologia

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