Diana ou a caçadora solitária

Diana ou a caçadora solitária Carlos Fuentes


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Diana ou a caçadora solitária





"Minha mulher foi embora e fiquei sentado ao lado de Diana Soren, falando de cinema, da vida em Paris, descobrindo amigos em comum...Senti-me traidor, mas convenci a mim mesmo de que se eu não estava traindo a literatura, também não me estava traindo. O resto não me importava. Minha mulher sabia que a literatura é a minha verdadeira amante, e todo o restante – sexo, política, religião se a tivesse, morte quando a tiver – passa pela experiência literária, o filtro de todas as demais experiências da minha vida", escreve Carlos Fuentes num relato confessional de seu romance com a atriz americana Jean Seberg. Contundente e tocante, Diana ou a caçadora solitária, história que Fuentes esperou 25 anos para escrever, impressiona pela sua veracidade – e sobretudo pelo personagem de Seberg, retrato de uma geração. Alguns nomes foram trocados – Seberg ganha o codinome de Diana, seu marido Romain Gary é chamado de Ivan Gravet e a cidade natal da atriz, Marshalltown, muda-se para Jeffersontown –, mas Fuentes continua Carlos, assim como na vida real sua primeira mulher é Luiza. No romance, o autor mantém o nome das cidades nas quais tudo aconteceu e as datas são fiéis aos fatos. Em 1957, após ser escolhida entre 18 mil candidatas, Jean Seberg – na época com 17 anos – estreava no cinema interpretando Joana Dárc, em Santa Joana, dirigido por Otto Preminger. Dois anos depois, protagonizou Acossado, de Jean-Luc Goddard, tornando-se um mito da década de 60. Considerada a primeira estrela desglamurizada do eixo Paris-Hollywood – pequena, cabelos curtos e ar despojado –, ela tornou-se ativista de causas populares, ligada aos Panteras Negras americanos. Foi no reveillon de 1969 que Jean e Fuentes se conheceram. Ele com 41 anos e ela com 30, filmando no México. A partir de então segue-se um tórrido romance que não durou mais de três meses, mas foi o bastante para marcar profundamente o escritor. Até o lançamento do livro, quase ninguém sabia da história. Carlos Fuentes conta desde a noite em que a conheceu até o dia em que ela foi encontrada, em 1979, dentro de um carro, numa viela de Paris, duas semanas após sua morte. Algumas passagens são reveladoras, como a campanha de desmoralização movida pelo FBI, divulgando durante sua segunda gravidez que o pai da criança seria negro – fato inverídico que a abalou e resultou num aborto espontâneo. Um ano após a morte de Seberg, em 1980, o FBI rendeu-lhe homenagem póstuma, admitindo que a caluniara dez anos antes como parte de um programa de contra-inteligência. E comprometeu-se, a partir de então, a não mais utilizar a calúnia e nem combater os ativistas de movimentos populares. O insólito encontro de Fuentes com Romain Gary (o marido), após a morte da atriz, num labirinto do jardim de um palácio europeu, traz à tona um diálogo duro e cruel, recheado de machismo e humor negro. Diana ou a caçadora solitária remete o leitor a uma nova reflexão sobre a geração de 60 que, apesar de ter revolucionado o modelo cultural de uma época, nem por isso conquistou os sonhos que defendia.

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anawiezzer
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04/08/2010 22:40:49

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