Dicionário Infernal

Dicionário Infernal Collin de Plancy


Compartilhe


Dicionário Infernal





O livro "Dicionário Infernal", de Collin de Plancy, foi pela primeira vez editado entre nós em 1969 [...], já na altura com tradução e introdução de Ana Hatherly, que em inteligente prefácio à presente edição recorda tudo isto, contrapondo a situação que se vivia então em Portugal com a de hoje. Passando pelo próprio estado de espírito, pelas mentalidades e pela coragem, pois aceitar fazer a abordagem de um trabalho como este durante o fascismo podia ser visto como um verdadeiro acto de sacrilégio. De pura provocação.
E no entanto é uma obra belíssima e divertida, que aos olhos de agora corre o risco de parecer até ingénua. Com uma certa inocência assustada, e por isso mesmo fascinada frente ao mal e aos seus elementos mais fantasmagóricos. Milhares de monstros, demónios, espíritos e diabretes, génios, duendes, feiticeiras... Com os quais, ou a partir dos quais, Plancy foi construindo pequeníssimas e inventivas histórias. Tentando sublinhar, analisar, denunciar a superstição.
Superstição de que, apesar de toda a tecnologia e dos grandes avanços científicos dos nossos dias, não nos conseguimos livrar por completo. Como diz Ana Hatherly, fenómeno que faz "parte integrante da história das ideias, da história das mentalidades, em suma, de uma antropologia cultural." Tema esse muito querido para Collin de Plancy, que acerca do assunto não se limitou a escrever apenas este livro, deixando uma obra vastíssima na sua abordagem. Constando até ter inundado o mercado a partir de 1818 com um número infindável de títulos sobre o tratamento do insólito, do demoníaco, do negrume das trevas. Assinando-os com diversos pseudónimos.
Entre os volumes vindos a lume anteriormente, "Dicionário Infernal " surge como sendo um dos seus trabalhos mais notáveis, a vários níveis. Quer pelo espírito voltairiano que nele se encontra subjacente, cepticismo que lhe vem da defesa das luzes, quer pelo próprio registo literário, na época conhecido por "frenético", e que nesta altura integraríamos numa corrente ligada à escrita do fantástico. Passando alguns dos seus pequenos textos bem perto do imaginário de um García Márquez, de um Borges, ou de uma Isabel Allende do tempo de "A Casa dos Espíritos". Neles, Plancy ainda não acreditava na figura maléfica do Diabo, como acabaria (eu diria, inevitavelmente) por vir a acontecer mais tarde. Usando-a aqui enquanto modo de mostrar até onde pode levar a ignorância. Desmascarando quem lhe cria a imagem atemorizante e a quem isso serve.
[...]
Collin de Plancy possuía um imaginário delirante e riquíssimo, claramente patente em "Dicionário Infernal", por onde perpassam inúmeras e tresloucadas figuras, numa espantosa galeria, inesquecível para quem lê ainda hoje este trabalho de grandes minúcias sobre o nefasto, o fanatismo e o medo.

Esoterismo

Edições (2)

ver mais
Dicionário Infernal
Dictionnaire infernal

Similares


Estatísticas

Desejam7
Trocam
Informações não disponíveis
Avaliações 5.0 / 3
5
ranking 100
100%
4
ranking 0
0%
3
ranking 0
0%
2
ranking 0
0%
1
ranking 0
0%

46%

54%

Delkmiroph
cadastrou em:
28/06/2015 23:54:09

Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR