Digitais de um leitor

SINOPSE No centenário do nascimento do editor, DIGITAIS DE UM LEITOR é uma conversa de leitor para leitor em uma jornada pela literatura brasileira e estrangeira de muitas décadas. Autores que desapareceram deixando obras monumentais, outros que surgiram com prosa e desenvolvimento originais e ainda outros recuperados pela memória, ressurgidos porque ressoam os tempos atuais. A mestria, o livre pensar e a paixão pela literatura emanam da escritura de J. Guinsburg, com erudição, alegria e talento. QUARTA-CAPA Este não é um livro qualquer. Ele nasce da pena de alguém que em sua longa trajetória teve os livros como meio de vida e missão. É, assim, um livro de livros, em que seu autor avalia, comenta e critica muitas das principais publicações brasileiras e estrangeiras dos últimos setenta anos, algumas das quais ele mesmo, como editor, publicou. Autodidata, a escritura de J. Guinsburg é solta e profunda como cabe a um livre pensador talentoso e arguto. Com seus registros de momentos históricos de livros que vêm à luz e de autores que partem, Digitais de um Leitor é também uma homenagem a todos aqueles que levaram e levam adiante o prazerosamente árduo ofício de escrever, editar, publicar e vender literatura no Brasil, e de tentar atrair cada um dos passantes e navegantes aos infinitos horizontes que só a boa literatura proporciona. É, portanto, o livro de um leitor para todos os leitores. DO AUTOR Foi um dos mais proeminentes intelectuais brasileiros dos últimos sessenta anos. Ensaísta, escritor, tradutor e professor autodidata, foi titular da cadeira de Estética Teatral do Departamento de Artes Cênicas da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo – CAC/ECA-USP. Sempre ligado ao mercado editorial, foi um dos fundadores da editora Perspectiva de São Paulo em 1965, da qual tornou-se o editor. À frente dela até a sua morte, construiu ao longo dos anos um dos mais notáveis acervos editoriais do país no campo das humanidades. COLEÇÃO A coleção Debates dedica-se aos temas contemporâneos e aos debates e polêmicas da atualidade. A mais antiga, junto com a Estudos, e a mais conhecida das coleções da editora, conta com quase 350 títulos, alguns já célebres na literatura de não ficção. TRECHOS DO PREFÁCIO Rosangela Patriota Uma característica que marca profundamente a atualidade dos escritos de Jacó Guinsburg diz respeito, em primeiro lugar, ao seu grande apreço pela História como disciplina no campo das ciências humanas, dado, inclusive, inconteste quando se percorre a sua vasta produção intelectual. No entanto, para além dessa sua grande paixão, o que chama a atenção em seus escritos da década de 1950, é como ele, sob o ponto de vista da criação estética, antecipou, pelo menos entre nós, brasileiros, o diálogo entre história e ficção. DO LIVRO O Nordeste é um braseiro ardendo na consciência nacional. O seu sofrimento e o seu protesto marcam profundamente a moderna literatura brasileira, condicionando a obra de alguns dos mais lídimos expoentes dessa etapa em que os nossos escritores, após as revoluções políticas e culturais que alteraram a fisionomia do mundo e derrubaram velhas concepções e cânones, despertaram para a realidade de seu país e procuraram integrar sua contribuição no processo de autoconsciência nacional. Evidentemente, nessa fase em que se abandonam o verbalismo dos salões e as facilidades das capitais, quando se deseja estabelecer a literatura no chão de vastas áreas geográficas e humanas relegadas ao esquecimento e transformá-la em expressão, se não em brado, dos problemas e das condições, uma região tão típica como o Nordeste, lastrada com um quadro de berrantes contradições e desníveis, com uma complexa estrutura onde se chocam, inconciliáveis e inconclusos, processo e padrões que se acumulam há quatro séculos, deveria constituir-se naturalmente em tema. DA CAPA Imagem da capa: retrato de J. Guinsburg, por Pedro Maluf, em aquarela sobre papel, 2021. A pedido da editora, o artista plástico Pedro Maluf realizou uma série de retratos de Jacó utilizando várias técnicas diferentes, que despontam por todo o volume. SUMÁRIO Mais Que Digitais – Rosangela Patriota 1. Literatura Brasileira “Os Sertões”, Um Tema em Busca de um Escritor “Memórias do Cárcere”, de Graciliano Ramos Três Romances Que Vencem o Tempo O Contista de “Terno de Reis” “Chão de Infância”: Paulo Dantas Para Além de Aquelas Muralhas Cinzentas… “O Capitão Jagunço” Os Caminhantes de Santa Luzia “Lampião” A “Aldeia Sagrada” Com Cravo e Canela… “Marcoré” “Barrabás, o Enjeitado” De Remota Província… “Território dos Bravos” Uma Obra de Realismo Social: “Sangue na Pedra” Dois Jovens Poetas: Fujyama e Pierre Santos “Os Imigrantes” de Samuel Rawet Imigrantes Judeus/Escritores Brasileiros “Trilogia das Buscas” Anotações de um Caixeiro–Viajante A Ficção da Vida na Vida da Ficção: Eliezer Levin Eh, Che, Moacyr, Scholem Aleikhem! 2. Literatura Estrangeira Gerchunoff Um Gaúcho Nascido na Rússia O Mundo de Thomas Mann Heine, a Personificação do Paradoxo Sobre “Os Meus Gloriosos Irmãos” Em Busca da Realidade Histórica Entre Dois Versículos Max Brod Apócrifos de Tchápek ou a Busca da Arca Perdida Kafka e Seu Contexto Social Kafka e o Rato Religião e Religiosidade em Kafka Kafka, a Iconicidade de uma Escritura “O Capote” de Gógol Um Rumoroso Prêmio Nobel “Doutor Jivago”, Obra do Diabo Vida e Destino: Vassili Grossman Uma Tradução de Tchékhov Quem Está em Jogo? Dostoiévski Continua Perseguindo os Judeus ou os Judeus Continuam Perseguindo Dostoiévski? Fora do Tempo Camus em Vez de Sartre Um Intérprete Brasileiro de Proust Um pequeno Introito a um Grande Capítulo As Ruínas de “O Leopardo” Um Detetive de Nosso Tempo 3. Silhuetas da Criação Mestre Graciliano Morreu Graciliano Ramos Cecília Meireles Crisantempo A Presença de Haroldo de Campos A Verdade do Poema na “Lógica do Erro”: Affonso Ávila Anatol H. Rosenfeld Anatol Rosenfeld: Uma Presença A Propósito de Dois Relatos 4. Questões ainda contemporâneas Uma Pequena Omissão Uma Voz Árabe Anatol Rosenfeld e o Irracionalismo

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