Doido Varrido

Não sei de outro livro seu tão ligado às duas faces de Ronaldo Simões Coelho, o psiquiatra e o contador de histórias. O Ratinho - que Humberto Guimarães ilustrou com tanta felicidade e bom gosto -, só poderia ser criado por você.

A literatura sempre simpatizou com os supostos malucos, como acontece com Cervantes e Machado de Assis. Até as crianças caíram de amores pelo Dom Quixote, como acredito que também adotarão este Doido Varrido. Um pouco de loucura e outro tanto de amor são as grandes motivações da vida e também da arte, já nos sinalizam Lewis Carroll e Salvador Dalí.

E as pessoas diferentes merecem respeito, porque são genuinamente originais e nos alertam, pela sua curiosidade ou pela diferença de pontos de vista, para a prisão da mesmice representada pelas coisas muito certinhas e exageradamente normais. Seria tão bom se todos nós as olhássemos com outros olhos que não os do preconceito. Por isto é tão importante o ratinho continuar "vivendo como sempre viveu, indiferente aos murmúrios a seu respeito".

Lino de Albergaria