Eco-economia

Eco-economia Lester Brown

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Uma nova economia para a Terra




A idéia para este livro me ocorreu um pouco mais de um ano atrás, logo após ter deixado a Presidência Executiva e assumir a Presidência do Conselho de Administração do WWI-Worldwatch Institute, uma organização que fundei em 1974. Nessa nova função, e com mais tempo disponível para pensar, três coisas se tornaram mais evidentes. Uma, estamos perdendo a guerra para salvar o planeta. Duas, precisamos de uma visão de como seria uma economia ambientalmente sustentável _ uma eco-economia. E três, necessitamos de um novo tipo de organização de pesquisa _ uma que ofereça não apenas uma visão de uma eco-economia, mas também avaliações constantes do avanço na concretização dessa visão.

Quando o WWI deu início às suas atividades, nos preocupávamos com o encolhimento das florestas, expansão dos desertos, erosão dos solos, deterioração dos pastos e desaparecimento das espécies. Estávamos apenas começando a nos preocupar com os pesqueiros em colapso. Hoje, a lista de preocupações é significativamente maior, incluindo níveis crescentes de dióxido de carbono, queda de lençóis freáticos, aumento da temperatura, desaparecimento de rios, destruição do ozônio estratosférico, tempestades mais destrutivas, derretimento de geleiras, elevação do nível do mar e morte de recifes de coral.

Ao longo do último quarto de século, muitas batalhas foram ganhas, mas a distância entre o que precisamos fazer para conter a deterioração ambiental do planeta e o que estamos fazendo continua a aumentar. De alguma forma, precisamos reverter essa tendência.

No momento, não existe uma visão consensual nem dentro da comunidade ambientalista, quanto mais na sociedade em geral. Se não conseguirmos uma visão de onde queremos ir, provavelmente nunca chegaremos lá. O objetivo deste livro é delinear nossa visão de uma eco-economia.

A boa notícia é que, quando começamos o WWI, sabíamos que uma economia ambientalmente sustentável era possível, mas tínhamos apenas uma idéia abstrata de como seria. Hoje, podemos efetivamente descrever com confiança não apenas como seria, mas como funcionará. Vinte e sete anos atrás, a moderna indústria da energia eólica não havia ainda surgido. Agora, mundialmente já percorremos uma década fenomenal com 24% de crescimento.

Graças ao Inventário Nacional de Recursos Eólicos do Departamento de Energia dos Estados Unidos, sabemos que Dakota do Norte, Kansas e Texas têm energia eólica suficiente para satisfazer as necessidades nacionais de eletricidade. Nos Estados Unidos, a geração de energia eólica está projetada para crescer mais de 60% em 2001. Com a eletricidade de baixo custo gerada pelas turbinas eólicas, temos a opção de eletrolizar a água para produzir hidrogênio, o combustível ideal para motores a células de combustível, que estão sendo desenvolvidos por todas as grandes montadoras.

As turbinas eólicas estão substituindo as minas de carvão na Europa. A Dinamarca, que proibiu a construção de usinas a carvão, obtém hoje 15% da sua eletricidade do vento. Em algumas comunidades no norte da Alemanha, 75% da demanda é satisfeita pela energia eólica.

Há uma geração, sabíamos que células de silicone podiam converter a luz solar em eletricidade, porém o material de cobertura solar desenvolvido no Japão, que transforma os telhados nas usinas elétricas dos imóveis, ainda estaria por vir. Agora, mais de 1 milhão de lares em todo o mundo obtém sua eletricidade de células solares.

As grandes corporações estão compromissadas com uma reciclagem abrangente, com o fechamento do ciclo da economia dos materiais. STMicrolectronics, na Itália e Interface, nos Estados Unidos, líder na fabricação de carpetes industriais, estão empenhados em atingir emissões zero de carbono. Shell Hydrogen e DaimlerChrysler colaboram com a Islândia para transformar esse país na primeira economia movida a hidrogênio.

O que ficou evidente para mim, em minhas reflexões um ano atrás, foi que, para atingir esses objetivos, precisaríamos de um novo tipo de instituto de pesquisa. Assim, em maio deste ano, juntamente com as colegas Reah Janise Kauffman e Janet Larsen, formei o "Earth Policy Institute." Eco-Economia: Construindo uma Economia para a Terra é nosso primeiro livro. Demos início também à edição de "Earth Policy Alerts," matérias de quatro páginas tratando de temas como o desenvolvimento mundial da energia eólica e o dust bowlNT que está se formando no noroeste da China. Essas matérias destacam as tendências que afetam nosso caminho em direção a uma eco-economia.

Ninguém que eu conheça tem as qualificações para escrever um livro com essa abrangência. Eu, certamente que não, mas alguém precisa tentar. Cada capítulo poderia ser um livro. Na realidade, seções individuais têm sido objeto de livros. Além da gama de temas cobertos, não é fácil realizar uma análise que integre áreas completas de conhecimento, especialmente quando abrange ecologia e economia _ duas disciplinas que já partem de premissas contrárias.

As pessoas aparentam estar ávidas por uma visão, por uma concepção de como poderíamos reverter a deterioração da Terra. Um número cada vez maior de pessoas deseja se envolver. Quando dou palestras sobre o estado do mundo em vários países, a pergunta que mais ouço é: O que posso fazer? As pessoas reconhecem a necessidade de ação e querem fazer algo. Minha resposta é sempre que precisamos fazer mudanças pessoais envolvendo tudo, desde um uso maior da bicicleta e menor do automóvel, até a reciclagem dos nossos jornais diários. Porém, não seria suficiente. Temos que mudar o sistema. E, para fazê-lo, precisaremos de uma reforma fiscal, reduzindo impostos sobre a renda e aumentando impostos sobre atividades ambientalmente destrutivas, para que os preços reflitam a verdade ecológica. Qualquer pessoa que deseje reverter a deterioração do planeta terá que se empenhar na reforma fiscal.

Este livro não é a palavra final. É uma obra em andamento. Continuaremos a desenvolver os temas, atualizar os dados e refinar a análise. Caso o leitor, ou leitora, tenha interesse em receber o Earth Policy Alert, visite nosso website , onde poderá se inscrever para recebê-los logo que publicados.

Nosso objetivo é publicar este livro nos principais idiomas do mundo. Além da edição norte-americana, haverá também uma edição para o Reino Unido/Comunidade Britânica destinada à maioria dos países anglófonos. No leste asiático, já estão sendo providenciadas edições em chinês, japonês, coreano e italiano. Também haverá edição em português, publicada pelo nosso parceiro de longa data




NT "Dust Bowl", no sudoeste dos EUA, uma região que, durante a grande depressão da década de 1930, sofreu secas prolongadas com tempestades de poeira.
Eduardo Athayde, diretor da UMA-Universidade Livre da Mata Atlântica, no Brasil. E temos conhecimento que Hamid Taravaty, do Irã, Membro do Conselho da EPI, está planejando uma edição em persa.

Este livro pode ser baixado, gratuitamente, do nosso site parceiro no Brasil www.uma.org.br. Licença para reimpressão ou extratos do manuscrito podem ser obtidos através do e-mail uma@uma.org.br.

Teremos prazer em receber sua contribuição na análise desses temas. Caso tenham opiniões, trabalhos ou artigos recentes que gostariam de compartilhar conosco, apreciaríamos recebê-los.

Lester R. Brown



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sarinhasz
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18/02/2011 22:43:04

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