Edição e Sociabilidades Intelectuais

Este livro traz a fascinante história da
edição das obras completas de Rui
Barbosa, divisor de águas que firmou
o lugar desse autor na vida política
e intelectual brasileira, bem como
seu protagonismo na introdução
da pedagogia moderna no país. É,
assim, uma valiosa ferramenta para
compreender melhor a cultura, a
política e a produção memorialística
no Brasil.
Não por acaso, a decisão de edição
da obra de Rui Barbosa, que
congregou intelectuais, correligionários
e também seus familiares,
foi precedida da iniciativa – após
sua morte em 1923 – de transformar
sua casa em museu e, depois,
em museu-biblioteca; um lugar de
memória e de sociabilidade e, ao
mesmo tempo, uma verdadeira casa
editora. Essas iniciativas fizeram
parte de um projeto político-cultural
de forte carga simbólica, como bem
mostra Luciano Mendes de Faria Filho.
Com um texto agradável, uma
análise cuidadosa, um manuseio
teórico rigoroso e criativo, aliados a
uma pesquisa pioneira, o autor tece
o livro de forma a mostrar ao leitor
de que modo se deu a construção de
Rui Barbosa como um “pedagogista
brasileiro”.
O tema é relevante para a história
da educação; para a história do
livro, da edição e da leitura; para a
história dos intelectuais como grupo
e categoria política; para a história
intelectual, ou seja, das obras,
dos itinerários, dos percursos, das
fronteiras disciplinares, bem como
dos debates, dos conflitos e de suas
mudanças de sentido, como nos
lembra Carlos Altamirano.
Quase à maneira de um ensaio, o
autor deixa aberturas promissoras
em seu texto e remete o leitor a uma
agenda de reflexões sobre um dos
personagens mais instigantes da
vida política brasileira e sobre um
projeto que acabou por reescrever
um capítulo da história do homem
público Rui Barbosa.

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