Entre quatro paredes
O desejo...o assédio...
o fazer-amor sem amor...
A porta se abre.
Fecham-se as janelas do sonho.
Ah! Se asas houvesse
e livre fosse o vôo àquela hora...
Os ponteiros travam o relógio do tempo.
E o canário adormece entre sombrias grades.
Onde o canto evocativo das selvas
cortando o espaço na madrugada a dois?
A porta se abre novamente:
- O café está na mesa.
O suco. A geléia. Os remédios.
E a rotina se faz
no começar tudo de novo.
O silêncio. A espera.
A palavra entrecortada de soluços.
Agora não mais a senhora
das horas perdidas, sorvendo da vida
o néctar da dor.
Não mais a dama,
vestida de negro,
resignada, submissa,
mergulhada no abismo.
As grades se abrem.
A mulher-pássaro
aprumou as penas,
fitou o infinito,
e parte em busca do amor.
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