Vol. 46, agosto 2018. DOI: 10.5380/dma.v46i0.57281. e-ISSN 2176-9109.
Nas últimas décadas, o reconhecimento dos múltiplos valores da natureza vem se ampliando nos debates
internacionais sobre estratégias de conservação ambiental – incluindo aqueles considerados culturais.
Nesse contexto, os denominados sítios naturais sagrados, reconhecidos em diversas partes do planeta,
vêm ganhando visibilidade crescente como um tema-chave na perspectiva da reconexão entre sociedade e
natureza. Em meio a um substancial conjunto de informações mundiais sobre o tema, chama atenção que
sejam raras as referências a sítios brasileiros, país de grande riqueza biológica e cultural. Diante desse quadro,
este artigo objetiva ilustrar a diversidade desses sítios no Brasil, suas principais características e implicações
socioambientais, avaliando como essa temática vem sendo abordada nas pesquisas nacionais. A análise baseiase em levantamento bibliográfico e documental, impulsionado por uma estratégia colaborativa de construção
de conhecimento. Os resultados revelam que a recorrência da manifestação desse fenômeno nas diversas
regiões do país, bem como a sua importância para muitos grupos sociais, contrastam com o seu incipiente
reconhecimento nas políticas públicas. As informações sobre o tema estão, em sua maior parte, dispersas em
referências não indexadas sobre estudos que permeiam várias áreas de conhecimento, em geral desconectados
do debate internacional. A reflexão indica a necessidade de avançar no reconhecimento da interdependência
entre cultura e natureza, a partir de investigações interdisciplinares pautadas em abordagens teóricas capazes
de promover o diálogo entre conhecimento científico e sabedoria popular, desconstruindo essas dicotomias.
Por fim, lança-se um convite à formação de alianças que contribuam com a missão de desvelar os encantos e
os mistérios das dimensões sagradas da natureza na terra brasilis
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