Enxofre

Enxofre Marcos Aquino


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Enxofre





“Esqueça as casas simples, as cadeiras na calçada. A Piedade de Marcos Aquino é outra - dura e pesada como o som do Enxofre do Canibal.” Fernando Molica, escritor

Rock pesado, camisetas negras, cabelos compridos e olhar enfadado refletem não apenas a rebeldia da adolescência como também o receio de adentrar a vida adulta, se “enquadrar” – e quem não passou por isso? Os personagens de “Enxofre”, primeiro romance do escritor Marcos Aquino, trazem o cheiro de álcool e cigarro, dos quartos ao meio-dia com cortinas cerradas, guitarras distorcidas e a ânsia de chegar a algum lugar além da mediocridade que parece reinar. Mais que um romance de formação, o maior atrativo deste livro adorável e corajoso, é a maneira de narrar:

“Em Piedade, longe da civilização, ainda na tarde alta, havia também toda uma sonolência própria que continuava atrás das janelas fechadas, varandas vazias e patas caninas em repouso entre as grades dos portões.”

A trama se passa no subúrbio do Rio de Janeiro – sim, existe vida inteligente, e muito, por lá – e acompanha a trajetória de um grupo de jovens envolvidos com a idealização, produção e lançamento de uma banda de rock chamada Enxofre do Canibal. Jadson – que nos remete à Dean Moriarty, de “On the road”, de Jack Kerouac –, é o mentor intelectual do grupo:

“Os óculos vinham pousar com lucidez no rosto maltratado, conferindo-lhe um semblante de intelectual do underground, de pensador artista, de roqueiro erudito, tudo isso explodindo naquele significativo aperto de mãos, reverberando naquele cumprimento que me transmitiu um bloco inteiro de informações, que me disseminou o futuro”.

Thaiane, a musa: “(...) rígida demais, o nariz agudo que se destacava no vale deserto do rosto, o coturno de cadarços entrelaçados até o alto das finas canelas.”

Felipe, narrador em primeira pessoa – não confiável –, é avesso à luz do sol: “(...) Ia e vinha e era com brio que as pernas também trabalhavam, dedicadas a perseguir o curso das sombras, por estreitas que fossem, de tal maneira que era levado a me apertar entre carros e paredes de chapisco quando necessário, por vezes saindo ferido num roçar de braço, mas sempre ao abrigo do fogo”.

Esses trechos são um breve aperitivo desse romance cheio de punch – palavra do idioma inglês que significa ‘soco’, ‘pegada’ – e de referências musicais que farão a retumbar os corações chegados ao rock. Ao virar de cada página, a vontade é de gritar uhuu com os dedos em forma de chifres e aumentar o volume das caixas.

Literatura Brasileira / Romance

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on 15/3/24


Bora ouvir o som pesado do Enxofre do Canibal? Felipe e mais três amigos formaram essa banda com o intuito de quem sabe crescer no meio musical. Será que vai dar certo? Só lendo pra saber a resposta. Eu li e gostei demais de acompanhar Felipe nas suas andanças pelo Rio de Janeiro. Me lembrou da minha própria juventude onde não há muitas preocupações com o futuro e claro das interações com diferentes grupos de pessoas. Nessas interações que o personagem viverá, ele vai conhecer uma gale... leia mais

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Carmo.leone
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15/10/2023 10:28:04

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