Esta coletânea tem por objetivo desenhar o perfil doutrinário do Estado Novo apesar de sua inexistência como unidade específica. As autoras puderam, não obstante, reconstituir segmentos significativos na tentativa de compor um todo. Os textos aqui presentes procuram o sentido da construção ideológica do Estado Novo através de um esforço de interpretação. A existência de uma divisão do trabalho intelectual, ainda que espontânea, entre os doutrinadores do regime de 1937 - cada um deles se ocupa de questões bem delimitadas sem se confrontar com os demais - permitiu e facilitou a tarefa de integração de diferentes perspectivas.
A ideologia do Estado Novo é apresentada pela análise do pensamento de dois de seus teorizadores. Almir de Andrade e Azevedo Amaral representam vertentes distintas da construção doutrinária e desenvolvem suas reflexões a partir de motivações e experiências profissionais diferentes. Cada um ocupa-se em pensar esferas distintas da vida social; eles constituem como que duas faces do mesmo poliedro. Almir de Andrade busca na tradição a legitimação para o regime, enquanto Azevedo Amaral apresenta a modernização como justificativa para o reforçamento da autoridade do Estado.
História do Brasil