Estes poemas

SINOPSE: Bruno nos apresenta Estes poemas como quem diz: é tudo que tenho. Estreia na literatura como se tirasse dos bolsos pedras e anotações guardadas pelo caminho. Já de início fica claro que o poeta sabe que poesia é trabalho, que escrever demanda escavar com as mãos certas memórias, por vezes dolorosas, e fazê-las passar pelo desfiladeiro da linguagem. Muito se perde, é claro, mas o que resta, vibra e queima feito o rescaldo de um incêndio ou de uma fornalha ainda em plena atividade. Esse calor e essa luminosidade parecem ser o que orienta uma busca quase religiosa do autor, tão intensa quanto sua coragem de adentrar territórios que adensam a vida ao mesmo tempo em que rarefazem nossas certezas. Quando no poema Pessoa, por exemplo, lemos “era eu aquele/ esse outro/ os outros três/ou ninguém”, Bruno se vale do grande escritor português Fernando Pessoa e de alguns ecos de Rimbaud para investigar a questão da subjetividade, tão cara aos poetas. E faz isso cruzando literatura, filosofia e psicanálise, simbolizadas, talvez, pelo “eu” que figura no poema, ora tripartido, ora nulo, à procura de respostas. Ler Estes poemas é participar de uma incursão a um território montanhoso através do qual todos caminhamos: a vida. Com alguma sorte e bastante disposição, havemos de avistar alguns jardins escondidos e talvez até topemos conosco pelo caminho. [Por André Oviedo]

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